quarta-feira, junho 29, 2005

Abordagens – Análise problemática

E aproveito, embuído neste meu espírito de "porquê" problemático, para sugerir algumas dicas a todos aqueles homens que tem por louvável objectivo a corte a uma Dama.
Aproveitem... é tudo baseado em factos verídicos... assim sendo,fui recentemente confrontado com o desespero de um amigo, fracassado em todos os seus melhores recursos na tentativa de convencer uma Dama a acompanha-lo na grata façanha... de nutrir uma tosta mista perto do mar, imagine-se...
Segundo consta, tudo fez o que estava ao seu alcance e apenas obteve, como reacção aos seus esforços, uma correcção àquela que deveria ter sido a sua forma de agir: - Falou muito, disse-lhe ... -“ nada como o solitário recatamento que deixe transparecer toda a nossa beleza interior”, por muito que arrisquemos comprometer os próximos trinta anos, em esperança de vermos captada a nossa desesperada telepatia.
Pediu-me então um conselho. Qual a melhor actuação? Como conseguir a tão desejada companhia para o grandioso projecto - tosta mista-? Bem, a história ensina-nos!... Cada povo tem a sua técnica... Assim sendo:

Técnica Lusitana – A técnica do domínio total. Convidá-la a comer carapaus no mercado do Rato, levá-la de carro e com Música estridente a sorver Cocktail`s no ”Bora-Bora”. Quando já não tiver forma de lhe resistir, já estiver estonteada com todo o seu charme propor-lhe, com olhar arrebatador e um ligeiro ondular de anca, a tão ambicionada tosta à beira mar. Mesmo depois dos carapaus, não pode falhar...

Técnica Castelhana – A técnica do deslumbre. Arranjar forma de lhe mostrar, como se nada fosse, fotos da última corrida em que o touro fugiu espavorido à sua frente. Brindá-la com um “pot-pourri” de passos de Flamenco e empanturrá-la em Calamares, sangrias e tapas. Depois de tudo isto e cumprida “la siesta”, não lhe vai conseguir negar nada, muito menos a tal tosta à beira mar...

Técnica Francesa – A técnica do charme. Fazer-lhe crer que você é muito superior aos “escargots” que consome. Demonstrar-lhe que é um entendido em vinhos e um estudioso das potencialidades anímicas do nobre líquido. Comer o corpo da rã e deixar galantemente as perninhas para a senhora. Utilizar um chapéu de marujo enquanto lhe assobia uma valsa, finda a qual lhe sugere a tão ambicionada tosta à beira mar...

Técnica Napolitana – A técnica do Spaghetti. Fazê-la deslumbrar com as suas habilidades no equilíbrio das pastas. Referir-se a monumentos históricos como se fossem de sua autoria. Agarrar um Bandolim e gritar-lhe um comovente “Sole mio” enquanto equilibra um “fetucinne” com a ponta do sapato. Estarrecê-la com a hipótese de ser a terra a estar torta, e não a inocente torre de Pizza. Dizer-lhe o quanto aprecia os concertos de violino de Da Vinci... e convidá-la então para a tosta à beira mar...

Técnica Germânica - A técnica militar. Fazer-lhe a continência antes de lhe oferecer uma Rosa, devidamente numerada, adquirida na secção de aprovisionamento do Quartel. Apresentar-se pelo número da Academia e, sempre que ela o referir, levantar-se, estalar com os calcanhares e manifestar a sua inteira disponibilidade no esclarecimento de qualquer dúvida que lhe possa surgir. Convencê-la a assistir às suas técnicas de guerrilha no litoral, findas as quais se poderão deliciar com uma nutritiva tosta...

Técnica Helvética – A técnica do queijo. Calcula-se que, de entre todos, são os que de maior argumentação necessitam, tendo em conta a extrema continentalidade do País. São poucos os relatos destas tentativas... segundo consta, convidam-na a contar os buracos do queijo, elaborado artesanalmente por um Tio de outro cantão, e a beber licor de Genebra.
O facto de não termos relato de qualquer tentativa bem sucedida dever-se-á, com algum grau de certeza, ao aborrecimento enfadonho da técnica. Caso algum leitor possua dados sobre o tema, agradecemos que entre em contacto com a nossa redacção.

Técnica Britânica – A técnica da educação. Apresentar-se de indumentária a rigor. Pedir desculpa por não ter chegado atrasado. Pedir desculpa pelo incómodo, pedir desculpa por estar a chover. Deitar o casaco para cima de tudo o que se assemelhe a poça de água, para que ela passe por cima. Pedir desculpa à poça de água. Pedir desculpa pelo atrevimento, e pedir desculpa por a convidar a comer a famosa tosta à beira mar... Desculpem os caros leitores, mas tem de resultar...

Técnica Americana – A técnica patriótica. Convidá-la a jogar dardos para uma foto do Saddam. Mostrar-lhe as miniaturas de mísseis que o pai colecciona. Leva-la a assistir às manobras da gloriosa força aérea Americana. Oferecer-lhe os pontos acumulados no cartão de cliente do “Mac Donald`s”.
Mostrar-lhe a sua guitarra e falar-lhe de projectos para uma banda “Country”. Surpreendê-la com uma nova sanduíche, muito em voga na Europa, e que, embora pecando por não ser carne de vaca, tem igualmente bastante encanto e é passível de ser consumida com uma Cola bastante fresca ...sugira-lhe a beira mar para essa experiência...

E, uma vez mais, esta minha coluna escasseia. Muito haveria que relatar sobre tão gratificante tema, sendo com alguma mágoa que o abandono. Ficam os meus votos para que estas técnicas se revelem úteis, caso algum dos leitores se encontre em idêntica e problemática situação. Até sempre!

Homens – Análise problemática

Bem... nada que não calculasse. Na sequência da minha recente análise ao indispensável e fascinante mundo feminino, fui bombardeado com dezenas pedidos no sentido de, caso não quisesse vestir o uniforme de “machista sem escrúpulos”, analisar com igual objectividade o género masculino.
Pois bem, caras leitoras, nunca me passou pela mente esquivar a tão heróica missão e assim sendo, tentarei analisar com a imparcialidade que sempre me caracterizou, os homens que as vitimaram na referida análise.

1- O assalariado bancário – Jovem e com algum cuidado na apresentação. É prodigioso na arte de decorar as piadas contadas pelos colegas, de forma a ser idolatrado no mundo exterior aquando o seu relato em sítios públicos.
Chega sempre ao emprego com ar bastante saudável e perfumado. Dá os bons dias ao chefe e faz uma qualquer piada sobre o futebol do fim de semana. Quando ocupa o seu posto, solta invariavelmente uma frase tipo : - “ ...bem...vamos a mais um dia”. Ao sentar-se, abre a gaveta e descobre os “prints” porno que os colegas da outra filial lhe enviaram por mail.
Anuncia-os com um leve sorriso ao colega do lado, que também já os tinha recebido. Boceja enquanto liga o computador, introduz a “password” e inicia o dia de trabalho.
À hora de almoço segue com os colegas para o habitual tasco onde se comem boas pataniscas a um preço módico. Reincidem no Futebol e nos peitos salientes da nova secretária de administração.
Falam da última vez em que se reuniram culturalmente no “Passerele” e se babaram em coro ante a presença de uma qualquer brasileira, que por momentos os fez esquecer as suas futuras obrigações conjugais. Bebem o café, soltam mais uma anedota e seguem, já com as gravatas mais folgadas, para a segunda parte do dia.

2 – O Director de recursos humanos – Embora igualmente jovem, gosta de fomentar um ar mais maturo, de forma a conseguir um maior respeito por parte dos subalternos. Chega sempre mais tarde e arruma o automóvel na garagem.
Dá os bons-dias a todos enquanto se serve do café gratuito da empresa. Empresta sorrateiramente um pouco do seu charme à nova funcionária e segue para o seu gabinete onde continuará a analisar os “currículum” dos novos candidatos. Pela hora de almoço, faz os possíveis por ter a companhia de outros directores e frequenta Restaurantes chiques com empregados que lhes realçem os sempre tão vistosos títulos académicos.
De volta ao escritório, não resiste a mais um piropo à inocente funcionária que lentamente vai cedendo aos seus encantos. Embrenha-se nas profundezas do seu gabinete e não é mais visto durante toda a tarde.

3 – O apaixonado – É sempre delicado tentar entender o que pode levar um homem a trocar a esposa, com apenas dois meses de funções, pela cunhada do fornecedor de fitas do seu próprio casamento. Com efeito, a insuficiência de dados sobre o fugitivo não me permite adiantar definitivas opiniões.
Presumo que já existiria algo entre eles antes da cerimónia... e depois! Presumo igualmente que este seja o tipo de homem que tudo faz por amor, mesmo abandonar o casamento. Encara a vida com grande emotividade e, aparte da cerveja, dos tremoços e das partidas de “sueca” com os amigos, nada é mais importante que a sua “Maria”.

Lamentavelmente, necessitaria de mais informações para uma abordagem mais complexa pelo que me parece correcto ficar por aqui. Estou de momento a catalogar outros tipos masculinos, com vista a facultar às nossas leitoras um maior conhecimento sobre tão fascinantes seres. Fiquem atentas e, no respeitante ao tema de hoje, vou ter de me desculpar... teçam as vossas próprias conclusões, pois não fica bem a um digno representante da raça masculina fazê-lo. Justo, não?... Até breve!

Locomoção - Análise problemática

Pois é...imaginaram, caros leitores, que se iriam escapar a mais uma das minhas análises problemáticas? Calculo que não...semana nova, análise nova. Faz sentido, e continuo a salvaguardar este meu modesto ganha-pão. Aproveito então o momento, e sigo directo para o tema a que hoje me proponho: a questão histórica da locomoção humana...de forma a melhor entendermos a realidade automobilística actual. Com efeito, muito pouca gente sobrevive sem o seu automóvel, por um lado indispensável, e, por outro, eterna fonte de problemas. Assim sendo, permitam-me recuar um pouco no tempo, por forma a iniciar um maior enquadramento histórico.
E já existia, por alturas do paleolítico, aquele género de discussão a todos tão familiar:
-“Acho que o meu Dinossauro está a gastar muito...”
-“Sim”?...Muito?...”
- “Acabou de me comer a sogra e metade da cunhada...e nem sequer deu para chegar à
caverna...”
Consumo...sempre o consumo. Mas, à semelhança da actualidade, existiam também energias alternativas:
- Viste...se fizesses como eu...o meu anda a gases...
- Siiim...é boa ideia...mas depois não posso estacionar nos Parques... a transformação é
cara...não sei...
- Acaba por compensar...
Como vêm, o sempre presente problema da economia, que em parte beneficiava os argumentos dos nossos primitivos vendedores de Automóveis:
- “É garantido... este dinossauro com meio eucalipto dá-lhe três voltas ao vulcão...sempre com o
maior conforto...”
- “Sim...mas isso é enquanto é novo”...
- Nem pensar... se tiver cuidado com as revisões, dura-lhe uma vida...
E, com o evoluir dos meios de locomoção, sucederam-se os primeiros vestígios daquilo que evoluiu para o que hoje chamamos “Brigada de transito”:
-“Boa tarde...os seus documentos, por favor?”
- “Mas...fiz algo de mal, Sr. Agente?”...
- “Depende...se não considerar o facto de ter entrado em contramão nesta avenida como errado,
então está tudo bem...eu, no entanto, discordo...
-“Mas... ainda não inventaram os sinais de transito...
- “Desculpas...”
Como vêem, a autoridade da época já dotada de um vocabulário que faria corar muitos dos seus sucessores, sempre esteve ciente das suas obrigações para com a sociedade, não perdoando aos infractores:
-“ ...e pronto...tem dez dias para pagar a multa”...
Há igualmente registo das primeiras tentativas de suborno:
- “Ó Sr. Agente...porque é que não esquecemos tudo isto?...Descobri aqui um envelope...já estou
atrasado...tenho de ir à caça com a minha mulher...fique você com ele...
Infelizmente, não temos registo da atitude do agente. Resta-nos crer que agiu nos moldes que lhe competia. Existia também o “balão”...o famoso “balão” que grande parte dos actuais automobilistas receia:
-“Boa tarde...bebeu alguma coisa?”...
- “Não Sr. Agente... nunca bebo quando conduzo....”
- “Sopre aqui, por favor...”
Bizarro costume este, tendo em conta que as bebidas alcoólicas só foram inventadas uns séculos mais tarde... mas, mais vale prevenir...
E mesmo nesses tempos tão remotos, os já então condutores se sujeitavam aqueles infortúnios que todos tão bem conhecemos:
-“ Não...rebocaram-me o dinossauro!”...
- “Onde o deixas-te?”...
- “Aqui!”
- “Olha que tu...aqui é reboque certo...”
Ou mesmo noutro tipo de casos:
-“ Só me faltava esta...bloquearam-me as patas ao animal...”
-“Puseste moeda no parquímetro?...”
-“Como? Ainda não inventaram o dinheiro...”
E, evidentemente, já tínhamos os clássicos engarrafamentos matinais na entrada das grandes aglomerações populacionais, com o vernáculo a condizer:
- Anda lá com isso...
- Calminha...`tás com pressa, viesses mais cedo...
-“Eu cá trabalho...”
-“E eu?...Ando a brincar?”...
Foi destas estas épocas que apareceram os primeiros relatos de tentativas de domesticação a dinossauros de maior porte, com vista ao desenvolvimento de uma rede de transportes públicos.
Às primeiras iniciativas, não conseguiram mais do que entrar na ementa destes gigantescos répteis. Optaram então por investir depois da refeição, uma vez que as hipóteses de êxito dos referidos empresários domesticadores se afiguravam maiores quando os bichos já estivessem saciados... o que só fracassou pela primitiva irregularidade gastronómica, que nos leva a concluir com alguma certeza, a incerteza nos horários da nutrição paleolítica. De qualquer forma, foram igualmente digeridos e a então empresa resolveu cancelar o projecto durante alguns Séculos.
Sou mais uma vez forçado a suspender, vitimado por óbvia falta de espaço, esta ainda incompleta análise. Prometo no entanto regressar, e terminá-la. Agradeço a sua paciência, caro leitor, mas fique certo que o seu grau de compreensão em matérias rodoviárias vai sair profundamente beneficiado. Até breve!

sábado, junho 25, 2005

Mulheres – Análise problemática


Ninguém insinuará por certo que nós, cavalheiros pré-quarentões, temos a vida facilitada pelo aparente charme que a idade nos confere....e reparem, não o ponho em causa!
Tecnicamente, o que dificulta a correcta consumação nas nossas variadas tentativas de enlace sentimental é, a meu ver, toda a problemática do sexo oposto.
Assim sendo e para uma maior compreensão do facto, numerarei os problemas que se me afiguram mais nítidos e que, por si, nos impedem de constituir as tão ambicionadas relações de cariz amoroso:

1- Mulher complicada- Aquela trintona que esteve de amores com um qualquer assalariado bancário, que sempre teve a Boda como inegável... mas que sempre aguardou a altura certa. Inevitavelmente, a altura nunca apareceu...e a boda nunca se concretizou...para desgosto da referida trintona e de todo o seu arsenal de bichos domésticos que viam no acto uma boa hipótese de não serem os únicos acariciados nos momentos de ansiedade compulsiva em que o noivo, criatura sempre ocupada, ficava invariavelmente a trabalhar fora de horas.
Conclusão – Mulher tipo “A”, ou seja, levemente desgostosa com a vida. Deixou de acreditar em relações. Refugia-se no trabalho, nos animais domésticos e nas aulas de aeróbica que frequenta nas horas de almoço com as colegas da empresa, igualmente desiludidas com a vida.

2- Mulher bastante complicada – Aquela que teve dois grandes amores na vida: o queijo serra e o director de recursos humanos da empresa. E, por não existir aparente incompatibilidade, tudo fez para ambos manter. Foi no entanto martirizada pelo facto de ele (o Director...não o queijo) ser casado. O género de atitudes que para com ela tomava, de forma a não levantar suspeitas por entre os seus inferiores hierárquicos, transtornaram-lhe de forma aparentemente irreversível a psique.
Num gesto de revolta, compensa a falta de um amor com outro, entrando com medalha de honra para a secção dos adictos ao referido queijo. Claro que o aumento da cintura é directamente proporcional à dedicação lacticínia e de uma semana para a outra torna-se na familiar terrestre da “Moby Dick”. É desprezada pelo director e adquire um sentido de humor só comparável a Napoleão, aquando o seu regresso de Waterloo.
Conclusão – Mulher tipo “B”, ou seja, muito desgostosa com a vida. Deixou de acreditar no amor. Reage com alguma violência a qualquer tipo de acção masculina. Sente que foi usada e abandonada. Jura nunca mais deixar-se enganar. Abandona definitivamente a depilação nas partes mais íntimas.

3- Mulher muito complicada – Aquela que casou, depois de incontáveis anos de namoro onde tudo parecia correr bem. Enxoval escolhido a rigor, convites aos familiares do Norte, fotografias no Cristo Rei e muito leitão de Negrais.
Dois meses depois, o marido foge com a cunhada do fornecedor das fitas para o Casamento, deixando-a só e em pranto. Refugia-se no álcool.
Procura antigas amizades e constata que todas têm problemas do tipo ”A” ou ”B”. Começa a frequentar festas, sempre com um humor visceral, e encara qualquer tipo de aproximação masculina como óbvio assédio, ao que responde com a recém adquirida técnica da joelhada nas partes baixas. Queima paus de incenso às dúzias, encara a hipótese de mudar de religião e frequenta duas vezes por semana uma vidente em Massamá.
Conclusão – Mulher tipo ”C”, ou seja, inconformada com a vida. Sente que deixou tudo de lado, por amor àquele a quem entregou os melhores anos da sua vida.
É um aterro de problemas. Vive em constante ebulição. Tudo lhe parece complicado e tudo complica.
E, conforme se compreende, ficam ainda por classificar alguns géneros. Infelizmente, o espaço nesta minha modesta coluna escasseia, o que me força a terminar por aqui esta pequena análise problemática. De qualquer forma, caro leitor, espero que estas singelas palavras o conformem quando sentir que não é correspondido nas suas intenções para com as damas...Lembre-se que são realmente complicadas!

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