terça-feira, dezembro 06, 2005

Mangas arregaçadas – Análise problemática

São poucos os países que se podem dar ao luxo de ter um candidato presidencial que “nunca se engana e raramente tem dúvidas”. Portugal, neste ano de 2005, foi finalmente bafejado por essa sorte. Um candidato que nunca se engana e, acima de tudo, está disposto a arregaçar as mangas em proveito do País… convenhamos, é nobre!
Deixei-me sensibilizar pelo facto de o ouvir pedir ajuda aos Portugueses, no sentido de melhor levar a cabo a sua missão Presidencial. Ora essa…Todos nos imaginámos indignos de lhe……………… quanto mais de o ajudar, fosse naquilo que fosse. Obrigado, Senhor candidato. Renova em nós a esperança, há muito adormecida, de podermos ser úteis a alguém com as suas ímpares características.
Pelo que diz, vale a pena ajudá-lo nesta sua batalha. Não duvido. A hipótese de sermos todos vencedores e, desta forma, conseguirmos levar o País a entrar numa nova fase da sua vida, afigura-se-me tentadora. Se algum dia a sua agenda permitir, explique-me Senhor candidato que fase poderá ser essa… pois a idade dos porquês nunca me abandonou e a minha persistente esperança, com os anos, teima em esmorecer…
De qualquer forma, é sempre saudável ver alguém disposto a renovar em nós a confiança e o optimismo. Acredite, faz-nos falta. E mais nos toca quando dito por alguém que insiste em relembrar as suas origens humildes, quando ainda nem mangas teria para arregaçar. Não foi, portanto, um daqueles casos que nasceu em bom berço. Se chegou onde chegou, foi à custa de muito pulso… pulso esse que o fez subir, não só a si, mas a um variado leque de candidatos de outras áreas, que se souberam manter em cima enquanto o senhor se eclipsava.
Adiante… De qualquer forma, a sua preocupação em dar a todos os Portugueses as mesmas hipóteses de ascensão não será passível de originar, num futuro próximo, uma corrida em massa às candidaturas presidenciais? Estaremos vivos para assistir ao dia em que existirem mais candidatos que cidadãos? Todos eles a não se enganar e raramente terem dúvidas? Todos eles a arregaçarem mangas nos momentos de dificuldade nacional?... E porque não… o estado democrático prevê a igualdade...
De louvar igualmente a sua determinação na união entre os povos bárbaros do norte e os primitivos do sul… Concordo. Não podemos fazer distinção…Nascemos todos debaixo do mesmo sol… não podem haver Portugueses de primeira e de segunda.
Mais uma vez as suas mangas arregaçadas hão-de ser decisivas, qual culturista a impor respeito na porta da discoteca. E, quem sabe, se o País se transformar numa enorme discoteca, com os óbvios ex-governantes na gerência, talvez seja possível atrair de forma mais substancial a nossa tresmalhada fé Lusitana desde que, claro está, não nos obriguem a pagar à porta…
Creia-me, senhor candidato, serão essas mangas arregaçadas que o distinguirão dos demais… pois se nenhum deles teve pulso para subir, nenhuma curiosidade nos desperta o resto do membro…
O seu caso é diferente. São os seus membros superiores que lhe dão a necessária convicção para ajudar o governo na hercúlea tarefa de modernizar o País. E, caso essa modernização exceda o enfeite das nossas avenidas com bolinhas de Natal, fique seguro que é a si, ao seu punho e às suas mangas arregaçadas, que devemos semelhante avanço. Senhor candidato, tem em mim um amigo.

Estabelecimentos prisionais – Análise problemática

Como é sabido, o Ministro da Justiça Alberto Costa anunciou uma remodelação do sistema prisional, que passará pelo encerramento, melhoria e construção de novos centros.
Pelo o que a nossa redacção pôde apurar, esta medida foi aplaudida pela maioria da população prisional, 13000 segundo as actuais estatísticas, que há muito reivindicava a introdução da cozinha Francesa na ementa.
O porquê desta simpática medida está ainda por desvendar… no entanto, vejamos:
O Ministro pretende diminuir a referida população prisional, com o objectivo de minorar custos aos cofres do estado. Como contribuinte, sou o primeiro a louvar esta atitude… se me prometerem que a verba economizada vai ser bem empregue em despesas de representação da classe governante…
No entanto e à semelhança do defunto serviço militar obrigatório, calculo preferível um esquema de “poucos e bons” a um incaracterístico cárcere onde o bom ambiente se vê comprometido pela presença de elementos contrariados. Não teremos então o dever de proporcionar, aos que sobrarem, um maior conforto? Claro que sim… Obrigado Senhor Ministro.
Outra das medidas será a comutação das penas em trabalhos sociais. Imaginam Carlos Silvino no apoio a uma creche infantil? Enfim…
No entanto, como o Senhor Ministro bem saberá, essa é uma medida já testada há algum tempo, com resultados francamente motivantes. Cite-se, entre outros por demais conhecidos, o caso nossa Fátima Felgueiras. Temos nesta cobaia um exemplo bem sucedido de reinserção social. Foi a impulsionadora do conhecido projecto de inter-câmbio prisional Portugal/Brasil, bem como autora do Best- seller literário “ Crónicas de um saco azulado”. Meus caros leitores: Eis aqui um caso de sucesso, não só para ela como para todos nós!... Obrigado Senhor Ministro.
E quem nos garante que não estará, ainda perdida nos calabouços da Penitenciária, a formação base do nosso próximo governo?...Sim, uma espécie de incubadora de futuros políticos. E, caso assim seja, não teremos o dever de lhes proporcionar um maior conforto? Claro que sim… Obrigado Senhor Ministro.
Soubemos entretanto que o governante, imbuído num leve espírito de “Presidência aberta”, visitou o estabelecimento prisional masculino de Olhão. Curiosamente, bastou esta visita para o querer transformar em prisão feminina, exorcizando assim todos os actuais prisioneiros. O que terá visto? Que fazer então aos poucos que, após algum tempo de cativeiro, continuam em plena posse da sua inicial masculinidade?...Lamentavelmente, terão de seguir caminho… Todos os outros podem permanecer… Vão ainda contar com a companhia das reclusas Algarvias, saídas da prisão de Odemira para se juntarem `festa. “Não há como a prisão na nossa terra”, afirmou uma delas à nossa redacção. Por mim, fica a interrogação dos verdadeiros moldes dessa visita … E, já agora, pergunto novamente: Não teremos o dever de lhes proporcionar um maior conforto? Claro que sim… Obrigado Senhor Ministro.
Outra das medidas de desertificação prisional propostas é a introdução da pulseira electrónica… Calculo o sorteio de umas dezenas de felizardos que, a troco de uma semi-liberdade, optem por andar com uma pulseira amaricada que apita e penaliza com choques eléctricos os palavrões.
Terá o Senhor Ministro pensado num modelo específico para a genuína gente do Norte? Sim, aqueles que em duas palavras socialmente aceites soltam três absolutamente condenáveis… calculo que sim…
Interrogo-me também se a Microsoft terá a ver com o Software das pulseiras, pois receio o que possa vir a acontecer:” Ocorreu uma operação ilegal. A sua pulseira ficará a dar choques. Contacte o seu representante. Obrigado por preferir Microsoft”. Já imaginamos as manchetes nos jornais “ Choque na justiça Prisional”… Enfim…
É de qualquer forma indiscutível que, mesmo de pulseirinha, o grau de conforto fora da cela melhora substancialmente. Então, aos que ainda ficam dentro, não teremos o dever de lhes proporcionar um maior conforto? Claro que sim… Obrigado Senhor Ministro.

sábado, julho 02, 2005

Computadores – Análise problemática

-“Aí está ele novamente”, dirá você, caro leitor, a “testar o nosso limite de paciência”...e, bem vistas as coisas, não o culpo! Sou um daqueles insistentes casos que tudo faz para merecer a vossa atenção... mesmo escrever sobre estes temas tão “dejà-vu”.
Mas reparem, como mercenário literário sou forçado a aceitar todo o tipo de missão, sob pena da óbvia represália salarial... Mas, adiante. O que me traz à vossa companhia é, como já devem ter depreendido, uma pequena análise à comunicação no foro informático.

Há a crença de que tudo pode ser feito através do computador. Quem nunca ouviu falar de inúmeros Casamentos que iniciaram por Internet...e de inúmeros que por ela terminaram. Consigo aceitar um certo misticismo no tipo de diálogo onde não se sabe quem está do outro lado.
Ele imagina-a loura, alta, fogosa qual corcel a correr livre pelo campo, simpática, afável, do tipo de mulher que sempre vai compreender quando lhe disser que vai chegar mais tarde, e ainda vai conservar sorrisos e jantar quente até à sua chegada.
Ela imagina-o louro, alto, atleticamente entroncado, forte, simpático, afável, do género de homem que se disser que vai chegar mais tarde, ela vai conseguir conservar jantar quente e sorrisos até à sua chegada.
E arrancam para o tão aguardado encontro, palpitantes de emoção, com o único desejo de finalmente, após tantas trocas virtuais, serem brindados pela magia da presença física. 19h30m no quiosque da estação de comboios de Queluz. É preciso não chegar atrasado. Ele instruiu o agregado familiar do seu eventual prolongamento laboral. Ela avisou o marido que ia passar por casa da Carmen, sua amiga de infância, e que poderia chegar um pouco mais tarde. Nada poderia falhar.

19h00m...o “Stress” apodera-se de ambos. E se ele não for assim...e se ela não for assado... que lhe vou dizer...estarei bonita assim?...ele sua...devora pastilhas de menta...penteia o bigode...e o que lhe vou dizer?... 19h15m, ele encara a hipótese, vitimado por compreensíveis receios, de enviar um SMS a cancelar o encontro. Ela repensa a sua vida. Como é possível que, clássica mãe de família, se possa entregar a este tipo de aventuras. Será melhor cancelar tudo?...não...ele parecia tão simpático...tão sensível... Nisto, 19h29m. O comboio pára na estação.

Começa aqui uma epopeia de perfeitos e cinematográficos enredos. Aconselho os leitores mais sensíveis a abandonar de pronto a leitura ou a fazerem-se munir de um necessário atestado médico que me iliba de quaisquer responsabilidades. Assim sendo, já a nossa protagonista sorvia galões enquanto aguardava o seu correspondente, quando para seu grande espanto depara com a sua amiga Carmen.
-”E... que fazes por aqui?”, indaga.
–“tenho um encontro...- responde Carmen- realmente ainda não te tinha contado, mas vou hoje
conhecer um homem...conhecemo-nos na Internet...e tu?”...
-“Eu?...(relativamente comprometida)Eu também... Também me vou encontrar com um
homem... que conheci na Internet...e disse ao meu marido que ia para tua casa. Que horror...
que vergonha”...
- Deixa-te disso...somos amigas...fica tudo entre nós! É a primeira vez? Como é que o vais
reconhecer?...
- Uma rosa vermelha na lapela...
- E o meu uma branca...realmente, são todos iguais...

Nisto, Carmen faz um ar de absoluto espanto. Era o seu marido que aparecia com uma Rosa vermelha na lapela. Ao ver as duas juntas, disfarça, avança para elas e fala à mulher:
- Por aqui? Julguei-te em casa...
- Pois...- num misto de ironia com culpabilidade- e eu julguei-te a trabalhar...como o Mundo é...
E eis que não quando, apressado por entre a multidão, surge o famoso homem da Rosa branca, por curiosidade o marido da protagonista. Só se apercebe da mulher quando já se encaminha, desfeito em sorrisos, para perto da Carmen.
-Por aqui? Diz nervoso...
-Vim ter com a Carmen, como te disse...-igualmente nervosa-

E pronto...vou-me poupar a desnecessários esforços, caros leitores, de vos explicar o que vitima este género de situações, bem como do final desta triste mas verídica história. Tenha cuidado com os usos que dá ao seu computador e principalmente fique consciente dos riscos que acarretam este tipo de aventuras... pois após este meu aviso, fica unicamente por sua conta. Posso confiar?

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Infortúnios – Análise problemática

E bem...cá estou, conforme seria de esperar, para vos obsequiar com algo verdadeiramente pessoal. Como sabem, meus caros e insubstituíveis leitores... as minhas análises sempre o foram... mas enfim... como fui protagonista de um recente e bastante insólito episódio, arrisco-me a partilha-lo com vocês.

Beneficiava eu dos prazeres da Primavera em Vila Nova de Milfontes, quando tive a infeliz ideia de telefonar a um amigo, indagando por referências gastronómicas da região. F.(o amigo) incentivou-me a uma deslocação ao belo sítio de Porto Covo, onde em determinado tasco, os petiscos eram divinais.
E segui, estando longe de imaginar o desfecho de tão infeliz conselho. Chegado ao destino constatei que, por ser época baixa, não existiam nem metade dos afamados manjares.

Nutri-me com uma satisfatória salada de polvo e com o tão típico choco frito. Fui então tentado a rematar tudo isto com uma vulgar bifana... a responsável por todas as minhas futuras desventuras. E regressei ao lar, doce lar.

Cerca das 23H, sou invadido por uma sensação de profunda indigestão. Que se passaria? A indisposição tomou por fim moldes trágicos, o que me forçou a telefonar já em desespero para o 112. O interlocutor, com o seu acentuado sotaque Alentejano, sugeriu que me deslocasse ao Hospital de Odemira, a 30Km da minha casa, ou seja, da casa de um amigo que gentilmente a cedeu para estas minhas mini-férias.

Fiz-lhe ver que a sua proposta não era razoável, tendo em conta que nem sequer conseguia encarar a hipótese de me mexer. Optou então por enviar uma ambulância, facto só dificultado pela minha absoluta ignorância em relação à correcta direcção da casa.
Mais explicação, menos explicação e lá apareceu. Entrei nela em estado absolutamente crítico, depois de devolver ao exterior tudo o que houvera ingerido no Tasco aconselhado pelo “amigo”. Pouco depois, sou brindado pela companhia de um casal de feirantes com dois dos seus respectivos rebentos.
O pai, criatura algo rude e bastante desiludida com o atraso da viatura, brinda-nos a todos com um monólogo intrinsecamente pessoal sobre a inadmissível situação da demora, culminando na destruição maciça da árvore genealógica do condutor.
Os petizes choravam, a mãe mandava calar o pai que por sua vez mandava calar a mãe. O condutor seguia e eu gemia...quadro completo, como imaginam.

Uma vez no hospital e contorcido com insuportáveis dores, calculei que de pronto seria atendido. Meia hora depois, tenho finalmente a visão do que me pareceu ser uma enfermeira. Com a pouca energia que tinha, esforcei-me por lhe relatar o meu caso... Tarefa ingrata: Quanto mais me contorcia mais ela me indagava o código postal e o nome da rua de onde vinha. Resolvido este pequeno pormenor, tive então direito à posição horizontal numa confortável maca.

Fui novamente brindado com 45 minutos de puro isolamento, com vista a uma eventual limpeza de espírito, supus. Tenho então e como recompensa, a presença de um legítimo licenciado em Medicina, que empurra a minha maca para outra sala onde se encontravam os meus já conhecidos companheiros de viagem. À medida que me colocavam o soro, assisti à nobre tarefa do pai, já bastante alterado pela situação, convencer a herdeira a “evacuar” para um penico posto no meio da sala. –“Faz força”- Dizia-lhe...-“Faz força que faz bem”.
E foi já com a seringa no braço que assisti, como se de algo normal se tratasse, à indisposição da outra criança ter repercussões sobre grande parte de um inocente sofá que jazia tranquilo no seu canto. E choravam...e o pai voltou a gritar pelo Médico...e a Mãe continuou a mandar calar o Pai...e eu continuei a gemer.

Foi a última vez que tive contacto com Almas humanas nessa noite. Não sei o que sucedeu aos meus colegas de viagem e sofrimento. Só pelas 9h da manhã visualizei novamente o Médico, que me retirou o soro e disse que “estava livre” para sair quando quisesse. Tentei abusar um pouco mais da hospitalidade, dado que ainda não me sentia bem, mas melhorei rapidamente quando a Enfermeira precisou da maca para outro paciente.

Levantei-me, segui para a porta, chamei um Táxi e regressei a Vila Nova onde cheguei no princípio da manhã. Intoxicação alimentar, disseram-me. Resta-me portanto agradecer ao meu amigo F. o conselho do Restaurante e à hospitalidade do Hospital de Odemira, pois foi graças a todos eles que tive uma noite invulgarmente diferente. Bem hajam!

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SEMÁFOROS-ANÁLISE PROBLEMÁTICA

Não passa de um vulgar e banal semáforo...que poderá existir de atractivo em semelhante objecto? Alto e cinzento, tem como único objectivo controlar os fluxos de trânsito que o rodeiam. E lá fica, imóvel no seu canto, em constante câmbio de luzes.

Compreendo a sua posição, caro leitor, quando afirma que não é dos objectos mais interessantes. Calculo no entanto a sua curiosidade em terminar de ler estas linhas pelo simples facto de conhecer o grau de paranóia que leva alguém a manifestar-se sobre tão árido tema.
Bem, é a partir daqui, caro leitor, que entramos em contradição...pois sou da opinião que o referido objecto atinge um grau de civilização muito superior à grande parte, por exemplo, dos automobilistas deste país.

Senão, vejamos: por muito ácido úrico que exista acumulado na sua bexiga, não há relato de nenhum semáforo a ser passeado pela sua dona e a verter águas para cima de qualquer indefeso canídeo que por ali repousasse.
Calculo que por agora, caro leitor, a hipótese de uma mudança de opinião a respeito do inocente objecto já se comece a afigurar como válida.

Mas, há mais: há pouco tempo, uma vizinha minha colidiu inadvertidamente no semáforo da esquina, aquando uma das suas muitas infrutíferas tentativas de estacionamento em marcha-atrás.
Ao ouvir o embate, sai nervosa do carro para verificar os estragos – não do inocente semáforo- mas sim do carro que o marido tão gentilmente lhe confiara.
Verificando ser só um arranhão insiste na manobra, tendo por acrescento ao seu já perturbado estado de espírito o coro de proporções Búlgaras das buzinas dos automobilistas que pela situação se viram impedidos de rumar aos seus “doces lares” e assistir ao último episódio do BIG BROTHER VIII. Nova tentativa, nova pancada no desgraçado semáforo.
Tomada por um repente de energia, sai do carro e grita nervosa para os selváticos declamadores de buzina: “- Então não vêm que a culpa é do poste??? Estão pr`aí a buzinar...”. Dito isto entra novamente para o veículo, esquece a manobra, e arranca esbaforida pela Avenida. Reparem...o inocente do semáforo não só foi açoitado com duas magníficas pancadas ao nível do baixo-ventre, como ainda o insultam e o responsabilizam pela situação.

Francamente...não me lembro de nenhum semáforo em movimento a agredir um automóvel estacionado...mas pode ser culpa da minha assumida imaturidade neste tipo de situações.
Outro tipo de agressão a que estes desgraçados estão sujeitos é o assumido desprezo linguístico por parte de um género verbalmente aguerrido de automobilistas: “-Sacana... nunca mais abre”. Imagine-se, como se fosse uma lata de conserva com o fecho partido e, para cúmulo do desprezo, arrancam sem respeitar a sua autoridade luminosa.

Ó meus amigos e devotos leitores, será justo insultar os já tão fustigados semáforos unicamente pela sua dedicação ao dever? Que seria do mundo se fossem eles a insultar quem passa, por este tipo de motivos absurdos? Suponham que por motivos sindicais deixavam de trabalhar e iam reivindicar os seus direitos para a frente da Assembleia da República...ou pior ainda, utilizavam as luzes a seu bel-prazer. Aí sim, poderiam facilitar a deslocação aos condutores mais apressados, evitando assim ser insultados em toda a sua árvore genealógica. Seria no entanto ético?
Facilitar a passagem a uns motivaria de imediato o atraso de outros...o que numa sociedade Democrática me parece pouco justo, embora seja facto corrente em alguns sectores.
Digo-vos: encaro esses objectos como nobres Bastiões da ordem social. Como funcionários públicos que são, nunca os vi a tomar café às 11h na pastelaria da esquina nem sair do trabalho às 17h30m. Trabalham a tempo inteiro e não reclamam horas extra. Mediante o panorama, caro leitor, terão as minhas modestas linhas conseguido alterar a sua opinião?



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quarta-feira, junho 29, 2005

Abordagens – Análise problemática

E aproveito, embuído neste meu espírito de "porquê" problemático, para sugerir algumas dicas a todos aqueles homens que tem por louvável objectivo a corte a uma Dama.
Aproveitem... é tudo baseado em factos verídicos... assim sendo,fui recentemente confrontado com o desespero de um amigo, fracassado em todos os seus melhores recursos na tentativa de convencer uma Dama a acompanha-lo na grata façanha... de nutrir uma tosta mista perto do mar, imagine-se...
Segundo consta, tudo fez o que estava ao seu alcance e apenas obteve, como reacção aos seus esforços, uma correcção àquela que deveria ter sido a sua forma de agir: - Falou muito, disse-lhe ... -“ nada como o solitário recatamento que deixe transparecer toda a nossa beleza interior”, por muito que arrisquemos comprometer os próximos trinta anos, em esperança de vermos captada a nossa desesperada telepatia.
Pediu-me então um conselho. Qual a melhor actuação? Como conseguir a tão desejada companhia para o grandioso projecto - tosta mista-? Bem, a história ensina-nos!... Cada povo tem a sua técnica... Assim sendo:

Técnica Lusitana – A técnica do domínio total. Convidá-la a comer carapaus no mercado do Rato, levá-la de carro e com Música estridente a sorver Cocktail`s no ”Bora-Bora”. Quando já não tiver forma de lhe resistir, já estiver estonteada com todo o seu charme propor-lhe, com olhar arrebatador e um ligeiro ondular de anca, a tão ambicionada tosta à beira mar. Mesmo depois dos carapaus, não pode falhar...

Técnica Castelhana – A técnica do deslumbre. Arranjar forma de lhe mostrar, como se nada fosse, fotos da última corrida em que o touro fugiu espavorido à sua frente. Brindá-la com um “pot-pourri” de passos de Flamenco e empanturrá-la em Calamares, sangrias e tapas. Depois de tudo isto e cumprida “la siesta”, não lhe vai conseguir negar nada, muito menos a tal tosta à beira mar...

Técnica Francesa – A técnica do charme. Fazer-lhe crer que você é muito superior aos “escargots” que consome. Demonstrar-lhe que é um entendido em vinhos e um estudioso das potencialidades anímicas do nobre líquido. Comer o corpo da rã e deixar galantemente as perninhas para a senhora. Utilizar um chapéu de marujo enquanto lhe assobia uma valsa, finda a qual lhe sugere a tão ambicionada tosta à beira mar...

Técnica Napolitana – A técnica do Spaghetti. Fazê-la deslumbrar com as suas habilidades no equilíbrio das pastas. Referir-se a monumentos históricos como se fossem de sua autoria. Agarrar um Bandolim e gritar-lhe um comovente “Sole mio” enquanto equilibra um “fetucinne” com a ponta do sapato. Estarrecê-la com a hipótese de ser a terra a estar torta, e não a inocente torre de Pizza. Dizer-lhe o quanto aprecia os concertos de violino de Da Vinci... e convidá-la então para a tosta à beira mar...

Técnica Germânica - A técnica militar. Fazer-lhe a continência antes de lhe oferecer uma Rosa, devidamente numerada, adquirida na secção de aprovisionamento do Quartel. Apresentar-se pelo número da Academia e, sempre que ela o referir, levantar-se, estalar com os calcanhares e manifestar a sua inteira disponibilidade no esclarecimento de qualquer dúvida que lhe possa surgir. Convencê-la a assistir às suas técnicas de guerrilha no litoral, findas as quais se poderão deliciar com uma nutritiva tosta...

Técnica Helvética – A técnica do queijo. Calcula-se que, de entre todos, são os que de maior argumentação necessitam, tendo em conta a extrema continentalidade do País. São poucos os relatos destas tentativas... segundo consta, convidam-na a contar os buracos do queijo, elaborado artesanalmente por um Tio de outro cantão, e a beber licor de Genebra.
O facto de não termos relato de qualquer tentativa bem sucedida dever-se-á, com algum grau de certeza, ao aborrecimento enfadonho da técnica. Caso algum leitor possua dados sobre o tema, agradecemos que entre em contacto com a nossa redacção.

Técnica Britânica – A técnica da educação. Apresentar-se de indumentária a rigor. Pedir desculpa por não ter chegado atrasado. Pedir desculpa pelo incómodo, pedir desculpa por estar a chover. Deitar o casaco para cima de tudo o que se assemelhe a poça de água, para que ela passe por cima. Pedir desculpa à poça de água. Pedir desculpa pelo atrevimento, e pedir desculpa por a convidar a comer a famosa tosta à beira mar... Desculpem os caros leitores, mas tem de resultar...

Técnica Americana – A técnica patriótica. Convidá-la a jogar dardos para uma foto do Saddam. Mostrar-lhe as miniaturas de mísseis que o pai colecciona. Leva-la a assistir às manobras da gloriosa força aérea Americana. Oferecer-lhe os pontos acumulados no cartão de cliente do “Mac Donald`s”.
Mostrar-lhe a sua guitarra e falar-lhe de projectos para uma banda “Country”. Surpreendê-la com uma nova sanduíche, muito em voga na Europa, e que, embora pecando por não ser carne de vaca, tem igualmente bastante encanto e é passível de ser consumida com uma Cola bastante fresca ...sugira-lhe a beira mar para essa experiência...

E, uma vez mais, esta minha coluna escasseia. Muito haveria que relatar sobre tão gratificante tema, sendo com alguma mágoa que o abandono. Ficam os meus votos para que estas técnicas se revelem úteis, caso algum dos leitores se encontre em idêntica e problemática situação. Até sempre!

Homens – Análise problemática

Bem... nada que não calculasse. Na sequência da minha recente análise ao indispensável e fascinante mundo feminino, fui bombardeado com dezenas pedidos no sentido de, caso não quisesse vestir o uniforme de “machista sem escrúpulos”, analisar com igual objectividade o género masculino.
Pois bem, caras leitoras, nunca me passou pela mente esquivar a tão heróica missão e assim sendo, tentarei analisar com a imparcialidade que sempre me caracterizou, os homens que as vitimaram na referida análise.

1- O assalariado bancário – Jovem e com algum cuidado na apresentação. É prodigioso na arte de decorar as piadas contadas pelos colegas, de forma a ser idolatrado no mundo exterior aquando o seu relato em sítios públicos.
Chega sempre ao emprego com ar bastante saudável e perfumado. Dá os bons dias ao chefe e faz uma qualquer piada sobre o futebol do fim de semana. Quando ocupa o seu posto, solta invariavelmente uma frase tipo : - “ ...bem...vamos a mais um dia”. Ao sentar-se, abre a gaveta e descobre os “prints” porno que os colegas da outra filial lhe enviaram por mail.
Anuncia-os com um leve sorriso ao colega do lado, que também já os tinha recebido. Boceja enquanto liga o computador, introduz a “password” e inicia o dia de trabalho.
À hora de almoço segue com os colegas para o habitual tasco onde se comem boas pataniscas a um preço módico. Reincidem no Futebol e nos peitos salientes da nova secretária de administração.
Falam da última vez em que se reuniram culturalmente no “Passerele” e se babaram em coro ante a presença de uma qualquer brasileira, que por momentos os fez esquecer as suas futuras obrigações conjugais. Bebem o café, soltam mais uma anedota e seguem, já com as gravatas mais folgadas, para a segunda parte do dia.

2 – O Director de recursos humanos – Embora igualmente jovem, gosta de fomentar um ar mais maturo, de forma a conseguir um maior respeito por parte dos subalternos. Chega sempre mais tarde e arruma o automóvel na garagem.
Dá os bons-dias a todos enquanto se serve do café gratuito da empresa. Empresta sorrateiramente um pouco do seu charme à nova funcionária e segue para o seu gabinete onde continuará a analisar os “currículum” dos novos candidatos. Pela hora de almoço, faz os possíveis por ter a companhia de outros directores e frequenta Restaurantes chiques com empregados que lhes realçem os sempre tão vistosos títulos académicos.
De volta ao escritório, não resiste a mais um piropo à inocente funcionária que lentamente vai cedendo aos seus encantos. Embrenha-se nas profundezas do seu gabinete e não é mais visto durante toda a tarde.

3 – O apaixonado – É sempre delicado tentar entender o que pode levar um homem a trocar a esposa, com apenas dois meses de funções, pela cunhada do fornecedor de fitas do seu próprio casamento. Com efeito, a insuficiência de dados sobre o fugitivo não me permite adiantar definitivas opiniões.
Presumo que já existiria algo entre eles antes da cerimónia... e depois! Presumo igualmente que este seja o tipo de homem que tudo faz por amor, mesmo abandonar o casamento. Encara a vida com grande emotividade e, aparte da cerveja, dos tremoços e das partidas de “sueca” com os amigos, nada é mais importante que a sua “Maria”.

Lamentavelmente, necessitaria de mais informações para uma abordagem mais complexa pelo que me parece correcto ficar por aqui. Estou de momento a catalogar outros tipos masculinos, com vista a facultar às nossas leitoras um maior conhecimento sobre tão fascinantes seres. Fiquem atentas e, no respeitante ao tema de hoje, vou ter de me desculpar... teçam as vossas próprias conclusões, pois não fica bem a um digno representante da raça masculina fazê-lo. Justo, não?... Até breve!

Locomoção - Análise problemática

Pois é...imaginaram, caros leitores, que se iriam escapar a mais uma das minhas análises problemáticas? Calculo que não...semana nova, análise nova. Faz sentido, e continuo a salvaguardar este meu modesto ganha-pão. Aproveito então o momento, e sigo directo para o tema a que hoje me proponho: a questão histórica da locomoção humana...de forma a melhor entendermos a realidade automobilística actual. Com efeito, muito pouca gente sobrevive sem o seu automóvel, por um lado indispensável, e, por outro, eterna fonte de problemas. Assim sendo, permitam-me recuar um pouco no tempo, por forma a iniciar um maior enquadramento histórico.
E já existia, por alturas do paleolítico, aquele género de discussão a todos tão familiar:
-“Acho que o meu Dinossauro está a gastar muito...”
-“Sim”?...Muito?...”
- “Acabou de me comer a sogra e metade da cunhada...e nem sequer deu para chegar à
caverna...”
Consumo...sempre o consumo. Mas, à semelhança da actualidade, existiam também energias alternativas:
- Viste...se fizesses como eu...o meu anda a gases...
- Siiim...é boa ideia...mas depois não posso estacionar nos Parques... a transformação é
cara...não sei...
- Acaba por compensar...
Como vêm, o sempre presente problema da economia, que em parte beneficiava os argumentos dos nossos primitivos vendedores de Automóveis:
- “É garantido... este dinossauro com meio eucalipto dá-lhe três voltas ao vulcão...sempre com o
maior conforto...”
- “Sim...mas isso é enquanto é novo”...
- Nem pensar... se tiver cuidado com as revisões, dura-lhe uma vida...
E, com o evoluir dos meios de locomoção, sucederam-se os primeiros vestígios daquilo que evoluiu para o que hoje chamamos “Brigada de transito”:
-“Boa tarde...os seus documentos, por favor?”
- “Mas...fiz algo de mal, Sr. Agente?”...
- “Depende...se não considerar o facto de ter entrado em contramão nesta avenida como errado,
então está tudo bem...eu, no entanto, discordo...
-“Mas... ainda não inventaram os sinais de transito...
- “Desculpas...”
Como vêem, a autoridade da época já dotada de um vocabulário que faria corar muitos dos seus sucessores, sempre esteve ciente das suas obrigações para com a sociedade, não perdoando aos infractores:
-“ ...e pronto...tem dez dias para pagar a multa”...
Há igualmente registo das primeiras tentativas de suborno:
- “Ó Sr. Agente...porque é que não esquecemos tudo isto?...Descobri aqui um envelope...já estou
atrasado...tenho de ir à caça com a minha mulher...fique você com ele...
Infelizmente, não temos registo da atitude do agente. Resta-nos crer que agiu nos moldes que lhe competia. Existia também o “balão”...o famoso “balão” que grande parte dos actuais automobilistas receia:
-“Boa tarde...bebeu alguma coisa?”...
- “Não Sr. Agente... nunca bebo quando conduzo....”
- “Sopre aqui, por favor...”
Bizarro costume este, tendo em conta que as bebidas alcoólicas só foram inventadas uns séculos mais tarde... mas, mais vale prevenir...
E mesmo nesses tempos tão remotos, os já então condutores se sujeitavam aqueles infortúnios que todos tão bem conhecemos:
-“ Não...rebocaram-me o dinossauro!”...
- “Onde o deixas-te?”...
- “Aqui!”
- “Olha que tu...aqui é reboque certo...”
Ou mesmo noutro tipo de casos:
-“ Só me faltava esta...bloquearam-me as patas ao animal...”
-“Puseste moeda no parquímetro?...”
-“Como? Ainda não inventaram o dinheiro...”
E, evidentemente, já tínhamos os clássicos engarrafamentos matinais na entrada das grandes aglomerações populacionais, com o vernáculo a condizer:
- Anda lá com isso...
- Calminha...`tás com pressa, viesses mais cedo...
-“Eu cá trabalho...”
-“E eu?...Ando a brincar?”...
Foi destas estas épocas que apareceram os primeiros relatos de tentativas de domesticação a dinossauros de maior porte, com vista ao desenvolvimento de uma rede de transportes públicos.
Às primeiras iniciativas, não conseguiram mais do que entrar na ementa destes gigantescos répteis. Optaram então por investir depois da refeição, uma vez que as hipóteses de êxito dos referidos empresários domesticadores se afiguravam maiores quando os bichos já estivessem saciados... o que só fracassou pela primitiva irregularidade gastronómica, que nos leva a concluir com alguma certeza, a incerteza nos horários da nutrição paleolítica. De qualquer forma, foram igualmente digeridos e a então empresa resolveu cancelar o projecto durante alguns Séculos.
Sou mais uma vez forçado a suspender, vitimado por óbvia falta de espaço, esta ainda incompleta análise. Prometo no entanto regressar, e terminá-la. Agradeço a sua paciência, caro leitor, mas fique certo que o seu grau de compreensão em matérias rodoviárias vai sair profundamente beneficiado. Até breve!

sábado, junho 25, 2005

Mulheres – Análise problemática


Ninguém insinuará por certo que nós, cavalheiros pré-quarentões, temos a vida facilitada pelo aparente charme que a idade nos confere....e reparem, não o ponho em causa!
Tecnicamente, o que dificulta a correcta consumação nas nossas variadas tentativas de enlace sentimental é, a meu ver, toda a problemática do sexo oposto.
Assim sendo e para uma maior compreensão do facto, numerarei os problemas que se me afiguram mais nítidos e que, por si, nos impedem de constituir as tão ambicionadas relações de cariz amoroso:

1- Mulher complicada- Aquela trintona que esteve de amores com um qualquer assalariado bancário, que sempre teve a Boda como inegável... mas que sempre aguardou a altura certa. Inevitavelmente, a altura nunca apareceu...e a boda nunca se concretizou...para desgosto da referida trintona e de todo o seu arsenal de bichos domésticos que viam no acto uma boa hipótese de não serem os únicos acariciados nos momentos de ansiedade compulsiva em que o noivo, criatura sempre ocupada, ficava invariavelmente a trabalhar fora de horas.
Conclusão – Mulher tipo “A”, ou seja, levemente desgostosa com a vida. Deixou de acreditar em relações. Refugia-se no trabalho, nos animais domésticos e nas aulas de aeróbica que frequenta nas horas de almoço com as colegas da empresa, igualmente desiludidas com a vida.

2- Mulher bastante complicada – Aquela que teve dois grandes amores na vida: o queijo serra e o director de recursos humanos da empresa. E, por não existir aparente incompatibilidade, tudo fez para ambos manter. Foi no entanto martirizada pelo facto de ele (o Director...não o queijo) ser casado. O género de atitudes que para com ela tomava, de forma a não levantar suspeitas por entre os seus inferiores hierárquicos, transtornaram-lhe de forma aparentemente irreversível a psique.
Num gesto de revolta, compensa a falta de um amor com outro, entrando com medalha de honra para a secção dos adictos ao referido queijo. Claro que o aumento da cintura é directamente proporcional à dedicação lacticínia e de uma semana para a outra torna-se na familiar terrestre da “Moby Dick”. É desprezada pelo director e adquire um sentido de humor só comparável a Napoleão, aquando o seu regresso de Waterloo.
Conclusão – Mulher tipo “B”, ou seja, muito desgostosa com a vida. Deixou de acreditar no amor. Reage com alguma violência a qualquer tipo de acção masculina. Sente que foi usada e abandonada. Jura nunca mais deixar-se enganar. Abandona definitivamente a depilação nas partes mais íntimas.

3- Mulher muito complicada – Aquela que casou, depois de incontáveis anos de namoro onde tudo parecia correr bem. Enxoval escolhido a rigor, convites aos familiares do Norte, fotografias no Cristo Rei e muito leitão de Negrais.
Dois meses depois, o marido foge com a cunhada do fornecedor das fitas para o Casamento, deixando-a só e em pranto. Refugia-se no álcool.
Procura antigas amizades e constata que todas têm problemas do tipo ”A” ou ”B”. Começa a frequentar festas, sempre com um humor visceral, e encara qualquer tipo de aproximação masculina como óbvio assédio, ao que responde com a recém adquirida técnica da joelhada nas partes baixas. Queima paus de incenso às dúzias, encara a hipótese de mudar de religião e frequenta duas vezes por semana uma vidente em Massamá.
Conclusão – Mulher tipo ”C”, ou seja, inconformada com a vida. Sente que deixou tudo de lado, por amor àquele a quem entregou os melhores anos da sua vida.
É um aterro de problemas. Vive em constante ebulição. Tudo lhe parece complicado e tudo complica.
E, conforme se compreende, ficam ainda por classificar alguns géneros. Infelizmente, o espaço nesta minha modesta coluna escasseia, o que me força a terminar por aqui esta pequena análise problemática. De qualquer forma, caro leitor, espero que estas singelas palavras o conformem quando sentir que não é correspondido nas suas intenções para com as damas...Lembre-se que são realmente complicadas!

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