quinta-feira, janeiro 19, 2006

Correntes – Análise problemática

Realmente… devia ter prestado atenção a um mail que recebi e que, erroneamente, não reencaminhei. Soubera o que sei hoje e a mensagem teria sido divulgada no minuto seguinte à sua recepção. Quis brincar com o destino. Perdoai-me, Deuses. Arrisquei e perdi. É tarde para voltar atrás. Não vou ter uma segunda oportunidade. Reparem, caros leitores, não dei importância a um mail que se me oferecia para dar sorte. Ignorei. Pura e simplesmente ignorei a corrente da “flor da sorte”. Que arrependido estou. E o dia seguinte? O dia seguinte foi de terror, conforme profetizado. Reparem:

De manhâ, ao saír de casa, estava a chover.
BEM FEITO...QUEM MANDA NÃO RESPONDER À CORRENTE?
Ao tomar café, adicionei açucar e... o café ficou doce!...
BEM FEITO...QUEM MANDA NÃO RESPONDER À CORRENTE?
Ao caminhar, um dos meus atacadores desapertou-se!...
BEM FEITO...QUEM MANDA NÃO RESPONDER À CORRENTE?
Joguei no totoloto… e não saiu nada!...
BEM FEITO...QUEM MANDA NÃO RESPONDER À CORRENTE?
Ao comer um qualquer folhado misto num café, pedi para o aquecerem...
e ele veio demasiado quente!...
BEM FEITO...QUEM MANDA NÃO RESPONDER À CORRENTE?
Ao pôr gasolina na minha mota... tive que a pagar!...
BEM FEITO...QUEM MANDA NÃO RESPONDER À CORRENTE?
Ao fechar o casaco, o telefone caiu ao chão!...
BEM FEITO...QUEM MANDA NÃO RESPONDER À CORRENTE?
Pois é… devia ter percebido que o assunto era sério!…

Sim… quem ainda não foi incluído, via mail, numa qualquer corrente de solidariedade?
Daquelas que ameaçam, caso não se dê continuidade, a mais profunda das tragédias? “Se não enviares de seguida a 236 pessoas, nascerá uma pata na cabeça do teu hamster de estimação”. E, claro, lá fazemos seguir as referidas missivas. Certo? Não, caro leitor. Errado. Nada de mais errado. Não contem comigo para dar continuidade a tão ocas atitudes. “Se enviares esta mensagem a metade do planeta, aquela hiena pobre do interior do senegal vai finalmente ter dinheiro para a operação plástica que tanto desejava mas se não enviares, as tuas fossas nasais transformar-se-ão em latrinas de papagaios coloridos da
micronésia ”. “Se enviares de seguida esta mensagem, será financiada a dois Koalas Australianos a mudança de sexo que tanto ambicionam”. “Se enviares esta mensagem, o próprio Bill Gates te vem dar um abraço e um cheque de 100 milhões de euros mas atenção: se não enviares, acordarás no dia seguinte com a nádega esquerda em tons azulados e um pão de ló tatuado na axila”.
Ò meus caros amigos, chama-se a isto perder tempo e esgotar a paciência aos demais.
Arrisquem por uma vez em não dar continuidade, e verificarão que nenhum eucalipto vos nascerá nas partes proibidas. Se continuarem a ser bombardeados por esse tipo de assédios espirituais, arrisquem sugerir aos participantes quaisquer actividades que lhes estimulem os adormecidos neurónios. Incitem-nos, por exemplo, a ver o programa matinal da SIC ou uma qualquer novela da TVI. A passagem para o mundo real, assim suavizada, não será tão brusca. E atenção: Se não enviarem este texto a todos os vossos amigos, vão ter de ler a minha crónica da semana que vem. Não digam que não avisei…

Tecnologia – Análise problemática

Tecnologia… Que seria de nós sem o frigorífico ou a máquina de lavar… sem o telefone ou o DVD?... Eu respondo: primatas. Primatas na verdadeira acessão da palavra. Provavelmente, ainda pularíamos de árvore em árvore e puxaríamos as esposas pelos cabelos quando quiséssemos jantar pronto.
Nos tempos que correm, nada disto é necessário. Bendita tecnologia.
Só resta saber o que acontece em caso de falha… Alguém pensou nisso?
Bem, eu próprio vos confesso que não… até este meu recente episódio.
Vejamos: Um belo e ensolarado dia, constato que o meu telefone fixo deixou de funcionar. O que para o comum dos mortais seria motivo de pronta eutanásia, para mim foi apenas um detalhe de percurso… supunha eu! Vou à cabine telefónica mais próxima e tento ligar para o operador. Deparo-me com uma daquelas gravações, qual “ciborgue” de filme Americano, passíveis de fazer perder a paciência a qualquer Santo. Daquelas que nos vão obrigando a carregar em todas as teclas para chegarmos ao nosso destino. O leitor sabe a que me refiro.”Um, agora quatro, três, dois e depois cinco... Obrigado por ter aguardado” E aguardei… até me aparecer novamente a angélica voz que me informava “por haver longa fila de espera, por favor tente mais tarde”. Reparem… dez minutos de absoluta inutilidade, quase quatro euros de despesa e o problema absolutamente na mesma. Querida tecnologia!
Fui obrigado a repetir a façanha nessa mesma noite. Lá cliquei em mais umas teclas, lá paguei mais uns quatro euros e lá ficou tudo na mesma. Por ironia do destino, foi a ligação à Internet que desapareceu nessa mesma noite. Não queiram experimentar a sensação de não poder comunicar. É certo que os nossos avós sempre estiveram assim e duraram bastante… mas eram outros tempos. Actualmente, senti-me naufrago… Cheguei a encarar a hipótese de mudar de religião mas, como sou naturalmente calmo, resolvi aguardar pelo próximo dia.
Na manhã seguinte, como por milagre, consigo falar com um ser humano. Acreditam? Ia lá imaginar que o operador também tem a seu serviço seres humanos. Enfim… Fui informado que por ter “pressionado incorrectamente as teclas”, dei ordem para que a Internet fosse desactivada. Eu?... Eu que nem o esquentador sei desligar, como consegui semelhante proeza?... Mistérios da tecnologia… mas fiquei com a garantia que tudo seria reparado nesse mesmo dia. Claro que hoje, três semanas depois, tudo continua na mesma. Nem Internet nem telefone. Realmente, conseguiremos viver sem tecnologia?... O contacto humano está cada vez mais desvalorizado em relação ao automático, tudo com vista a ganhar tempo e dinheiro. Justificará a troca? Receio até que venham a incluir na porta das Igrejas um confessionário electrónico? “Por favor, introduza a moeda e seleccione o tipo de pecado. Esse pecado é grande demais. Introduza outra moeda. Aguarde enquanto imprimimos a sua absolvição. Obrigado por preferir a nossa Igreja”.
Pois é! Não se ria, caro leitor. Estes automatismos tecnológicos são o que a nossa sociedade projecta para o seu futuro. Calculo ser agradável não ter de pagar ordenado a um gravador de voz que nem hora de almoço tem… O verdadeiro custo será, a meu ver, a total desertificação da componente humana que, com os seus defeitos e virtudes, sempre é um tipo de comunicação a que estamos acostumados. Será realmente mais rentável?... O futuro o dirá… e acreditem: tenho as minhas dúvidas…

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Pele de cordeiro - Análise problemática

Dizia a minha saudosa Avó que o lobo não deixa de ser lobo por se vestir de cordeiro. Bem, devo confessar que sempre me soou a frase feita, daquelas que a cultura popular teima em sustentar… mas actualmente, sou forçado a reconhecer a actualidade de tão antigos ditos.
Vejamos: em plena época de campanha eleitoral, um dos candidatos sugeriu algo que à priori ultrapassaria as suas funções como eventual futuro Presidente da Republica (facto agravado por ainda ser candidato ao cargo) e foi de imediato, qual prostituta de passagens bíblicas, apedrejado por todos os outros.
Permitam-me o parêntesis: só num Pais onde nada de interesse se passa, conseguimos arranjar paciência para nos debruçarmos sobre estes temas enfadonhos… mas adiante, que é para isso que me pagam. Então, perguntarão, não é legítimo a um candidato vestir uma outra pele, só para ver como encaixa? Ao fim ao cabo, é um ser humano com os seus gostos e vaidades... Por mim, caro leitor, pode até vestir um fatinho de marujo… no entanto, pela oposição, qualquer pelezinha de cordeiro é reveladora do seu insaciável apetite por tenras lideranças. E a si, que lhe parece? … Faça saber a nossa redacção das suas conclusões.
“Tais sugestões apenas demonstram que a sua avidez governativa ainda está bem presente”, afirmam aqueles que só têm uma pele para vestir e “o referido candidato vê o seu hipotético posto Presidencial como forma de conseguir governar aquilo que nos seus tempos de política se esqueceu de fazer”… Realmente, têm tanto de imaginativos como de mauzinhos… Não pode dar um ar de sua graça sem que o País lhe caia em cima? … E será legítimo criticá-lo? É um lobo… já todos sabíamos… e aos lobos é permitido sugerir ao governo o acompanhamento e vigilância das empresas estrangeiras, ou não é?... Só adversários picuinhas poderiam encarar estes generosos repentes de partilha governativa como réstias de defunta liderança governamental… francamente… não é visível a pele de cordeiro que o envolve?...Olha que vocês… Será que ainda os verei, por um destes dias, a discutir o correcto entendimento das competências presidenciais?... Não é impossível. Aliás, parecem-me visíveis alguns equívocos… mas, quem sou eu…
Claro que, como já referi, os insensíveis adversários aproveitaram o seu deslize para o apedrejar. Inglória tentativa: nada o demoveu. Conseguiu evitar todos os golpes, esguio como um verdadeiro político, e ainda sensibilizar com a sua principal preocupação: O desemprego do País, a nível geral, e o seu emprego, a nível particular.
E quando alguém da assistência interrompeu o esbaforido debate, qual meninos rabinos de infantário, aproveitou para referir que nada o impede de contar “como se fazem as coisas lá fora”, e se os referidos adversários tomam isso como conflito de poderes, só vão conseguir despoletar novamente aquele amuado silêncio com que recentemente nos brindou. Ò meus amigos… É isso que querem? Vá lá… não sejam ruins… um candidato tem direito a falar… Deixem o homem em paz …ou acham estar nas suas prontas intenções governar o secretamente País, à laia de ocultado mafioso Siciliano?... Não me parece... mas, nunca descurem uma boa pele de ovelha…