domingo, janeiro 19, 2014

Educação sexual – Análise problemática

Soube, com grata satisfação, que a educação sexual vai passar a ter a seriedade que merece nas escolas Portuguesas. De facto, de tão séria se tornar, a própria ministra da educação admite a hipótese de, sempre no âmbito da referida educação, virem a ser distribuídos gratuitamente preservativos aos alunos. Viva a cultura!

Se ocasionalmente os jovens podem passar ao acto primordial, ao menos que estejam protegidos… o que faz todo o sentido. Aliás, se a medida pega, o governo é obrigado a gastar uma fortuna nas prisões e nos conventos onde ocasionalmente tudo pode acontecer… mas adiante…

Está igualmente anunciada a formação dos professores, com vista à resposta das novas solicitações do ensino. Deixem-me imaginar… Conferências intermináveis com diapositivos e insufláveis?... Técnicos estrangeiros em “lingerie”… Objectos alusivos?... Por certo, dependerá do orçamento do ministério, mas acreditem, caros leitores, que brevemente será uma realidade. Viva a cultura!...

Segundo consta, a ideia base é diluir o tema pelas várias disciplinas. Conseguem imaginar? Ao invés do nosso glorioso Camões, começará a ser lido o “Kamasutra” em tom épico… Ao invés das complicadas equações matemáticas, as acessíveis sessenta e tal posições… Ao invés de um confuso “Kant”, a lenda da fertilidade nas Caldas da Rainha… Substituir as rectas do maciço central pelas curvas de nível da professora de geografia… Trocar a corrida de aquecimento da aula de ginástica por… sei lá o quê!... De qualquer forma, estou de acordo. Viva a cultura!

Também me apraz saber que serão criados gabinetes de apoio, com vista à elucidação das inúmeras e compreensíveis dúvidas dos estudantes. Onde, como, quando, porquê… tudo terá resposta nestes gabinetes especializados.

As famosas perguntas do tipo”espirrei perto da minha namorada. Estará grávida?” ou “o sexo nasal provoca borbulhas?” vão finalmente ter profissionais à altura das respostas, e sempre prontos a distribuir os gratuitos preservativos. Pena o meu tempo de estudante não ter sido brindado com tantas facilidades. Se na escola de Padres que frequentei descobrissem um qualquer vestígio de intenção sexual, uma semana a pão e água nas masmorras seria o mínimo para o demoníaco infractor da boa moral, bem como o óbvio açoitamento em praça pública… mas eram outros tempos. Actualmente, viva a cultura!

E os trabalhos de casa, responsáveis por horas de aborrecimento enfadonho? Coisa absolutamente desumana e horrível, embora actualmente, calculo, se tenham convertido numa tarefa bastante mais suportável:

. “Onde está o meu filho?”, pergunta o Pai… “a fazer o trabalho de casa com a colega”, responde naturalmente a mãe. E eis que entra o filho, já com o preservativo gratuito colocado e pergunta” posso deixar a perna esquerda por cima, Pai?”… “Claro que não, filho… as duas apoiadas e segura-a pela cintura”. O filho agradece e volta para o quarto. Nada como o apoio paternal. Viva a cultura!

A diferença entre os trabalhos de grupo e as orgias romanas será, com o evoluir da situação, pouco expressiva. Os professores exemplificam na aula e os alunos desenvolvem em casa, com vista a uma apresentação no final do ano lectivo. Os melhores terão ainda a cobiçada hipótese de participar num torneio inter-escolas. Como se compreende, será uma boa forma de trocar fluidos… de conhecimento.

Segundo os pedagogos, a hipótese de reprovarem o ano será assim minimizada, mantendo-se firme o ego do estudante, tão necessário ao resto da sua vida activa.
E, claro está, a Arte não será desprezada. A encenação, entre outros, dos clássicos do Marquês de Sade poderá vir a ser tema obrigatório nos teatros dos Liceus.

Quem sabe se, com tantos conhecimentos adquiridos, não serão os porteiros das escolas de Belém, dentro de quinze anos, a apresentar queixa dos alunos… por excesso de cultura. Não digam que não avisei. De qualquer forma,aqui fica o meu voto a favor e, uma vez mais, viva a cultura!…

2 comentários:

Nancy Brown disse...

o joão é muito inocente... então... mas tudo isso já é corrente!

Anónimo disse...

Como sempre, sua ironia é brilhante!